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29 de abril de 2025
A METÁFORA DA BORBOLETA- OU O PERIGO DOS PAIS PERFEITOS QUE TUDO DÃO E TUDO FAZEM

 “Um casal estava passeando no parque, quando de repente viu uma borboleta tentando sair de um casulo. A borboleta se esforçava, movia-se com afinco e o casal observava admirado. 

De repente a borboleta parou.

O casal se olhou, penalizado e resolveram cortar o casulo para que a borboleta pudesse sair mais fácil. Após ver a borboleta fora do casulo o casal seguiu feliz, acreditando que tinha feito uma boa ação.

O que não sabiam é que aquela borboleta nunca voou. O esforço que fazia para sair o casulo é o que fortalecia sua asa para voar. Sem o esforço sua asa não se desenvolveu e a borboleta ficou lá, paralisada, olhando as companheiras alçarem voos.”

Gosto muito dessa história, ela exemplifica um fenômeno que vejo muito hoje em dia. Jovens adultos inseguros, de “asas fraquinhas” e que não conseguem voar para longe da segurança do lar dos pais, que não conseguem lidar com frustrações normais da vida e assumir as responsabilidades da vida adulta. São adultos que tiveram seu caminho facilitado e que não tiveram a autonomia estimulada, a quem tudo foi dado e tudo foi feito.


Os pais, no afã serem amados incondicionalmente por sua prole, proporcionam tudo que o filho deseja, sem limites. Não permitem que o filho lide com a insatisfação, que saiba tolerar a frustração. Criam filhos que não conseguem voar com as próprias asas e que sofrem paradoxalmente com um intenso sentimento de vazio: quanto mais têm, mais esvaziados se sentem.


Porque é ao lidar com a espera, ao lidar com as frustrações normais da vida que a criança vai desenvolver seus recursos internos. Vai desenvolver a capacidade de esperar, vai desenvolver a capacidade de planejar, vai povoar seu mundo interno, vai se conhecer e saber o seu limite (até onde pode ir) e assim vai aprender a viver em sociedade. Quando não existem limites o jovem não aprende que sobrevive a dor, não aprende que não será destruído se não tiver suas vontades atendidas. É alarmante o número enorme de jovens perdidos e com sentimento de vazio crônico.


Além disso, vale ressaltar a importância da criança desde cedo desenvolver sua autonomia. Quando os adultos fazem tudo pela criança, podam sua iniciativa e seu sentimento de auto eficácia não se desenvolve. Como na metáfora da borboleta, quando, na vida adulta precisa das asas para voar, percebe que não as desenvolveu. É onde bate a insegurança e a desesperança.

A pergunta que deixo hoje é: nós como pais estamos ajudando nossos filhos a desenvolverem suas asas ou estamos cortando-as e os impedindo de ter uma vida plena?